A Netflix se envolveu numa grande polêmica com a comunidade LGBTQIA+ por conta de um especial de humor. Sem saber como reagir às críticas, seus executivos disseram frases e tomaram decisões que pioraram muito a situação, transformando algo que poderia ser solucionado com um simples pedido de desculpas num pesadelo de relações públicas.
O problema começou com o lançamento de um novo especial de comédia de Dave Chappelle na semana passada. O humorista já havia criado mal-estar quando uma mulher transexual citada em seu especial anterior, “Stick and Stones” (2019), suicidou-se dois meses após a disponibilização do programa em streaming. Mesmo com esse antecedente, seu novo especial, “Encerramento” (The Closer), voltou a fazer piadas às custas das pessoas trans.
Polemista politicamente incorreto, Chappelle costuma achar engraçado defender outros ofensores. Em 2019, ele atacou os criadores dos documentários que denunciaram os cantores Michael Jackson e R. Kelly por abusos. Hoje, R. Kelly está preso e as piadas sobre as “reações exageradas” de suas vítimas tornaram-se ainda mais equivocadas.
Desta vez, ele agrediu a comunidade trans para defender J.K. Rowling, criadora da franquia “Harry Potter” e também transfóbica assumida.
“Cancelaram J. K. Rowling, Meu Deus. Efetivamente, ela disse que gênero era um fato. A comunidade trans ficou furiosa e começou a chamá-la de TERF [sigla em inglês para feminista radical trans-excludente]. Eu sou time TERF. Concordo. Gênero é um fato”.
Em seu monólogo, o comediante faz diversas outras afirmações consideradas transfóbicas, além de reafirmar estereótipos de gêneros e fazer outras declarações problemáticas.
Imediatamente após o especial chegar no catálogo da Netflix, Jaclyn Moore, a showrunner da série “Cara Gente Branca” (Dear White People), encerrada em 22 de setembro, anunciou no Twitter que nunca mais trabalharia com a Netflix devido aos “comentários transfóbicos e perigosos” de Dave Chappelle em seu especial.
Além dela, outros funcionários da Netflix e organizações de direitos LGBTQIA+ e da comunidade negra protestaram nas redes sociais.
Por: Terra